Nossa voz no mundo
Podcast da Fashion Label Brasil em inglês facilita o acesso de estrangeiros ao nosso mundo da moda

Está no ar o #8 episódio do Podcast da Fashion Label Brasil com participação das marcas brasileiras Maria Sanz, Vanda Jacintho, Serpui Marie e Ventura Eyewear. Em 8 episódios já completamos uma lista de 30 marcas brasileiras participantes, no foco da informação, em inglês, para sermos ouvidos, e vistos, pelo mundo.
A cultura de podcast traz um território perfeito para espalharmos, literalmente, a voz da moda brasileira para além da América do Sul. Não teria o mesmo efeito em português. O público alvo do podcast da Fashion Label Brasil são os estrangeiros.
Conversamos com a jornalista Alexandra Farah, âncora do Podcast, sobre a importância de usarmos este tipo de veículo de informação.

Qual a importância, na sua visão, de um podcast em inglês sobre o Brasil? Onde conseguimos chegar?
O inglês ainda é nossa língua global. Precisamos comunicar o que temos. Nas vésperas de Carnaval eu lembro da frase: “Quem não se comunica se trumbica” (frase de Chacrinha, ícone da televisão brasileira no século XX). A moda ainda é bastante eurocentrada, e o Brasil entra e sai de moda. Por isso precisamos manter firme essa comunicação sistemática de que temos uma moda séria com pessoas responsáveis que trabalham aqui, temos design e precisamos comunicar. O podcast hoje em dia é o veículo que traz uma comunicação mais profunda que redes sociais e chega até pessoas com esse interesse.
Quando falamos na moda brasileira, quais pontos você percebe que precisam ser levados em conta, pensando na valorização do nosso mercado?
O que mais me impressiona neste trabalho que fazemos com a Abest é que as marcas têm essa proximidade com a natureza. Está no DNA, está na pesquisa, é preciso valorizar esse processo. O grande problema da indústria da moda, não só no Brasil, é a falta de transparência, da rastreabilidade da produção. Faz parte do capitalismo antigo você alienar as pessoas sobre a origem de seus processos produtivos. No Brasil temos uma multiplicidade de marcas e somos muito modernos, com marcas pequenas e médias próximas de suas costureiras, de seus fornecedores. E as origens são várias, tem quem nasceu no Cerrado, quem está perto da Amazônia, quem tem influência indígena etc.

Na sua visão quais clichês sobre moda brasileira ainda permanecem na visão de fora?
Precisamos definir o que é clichê e o que é identidade. A gente é um povo com menos roupa, mais sexy, com mais pele. Não vejo clichê nisso, vejo mais o Brasil sendo definido pela sua identidade solar, feliz. Ao invés de clichê, eu acho que há expectativas. E se espera também mais artesanalidade. O termo “feito à mão” é mais palpável que a palavra sustentabilidade, porque já mostra aquilo que não é em série.
No último podcast você conversou com Maria Sanz, Serpui, Vanda Jacintho e Ventura Eyewear. O que de diferente e interessante você descobriu sobre essas marcas?
Este último podcast foi muito legal porque mostrou marcas preparadas para o mercado, com experiência. Marcas jovens como a Maria Sanz, ou mais antigas como a Ventura, que tem indústria. Marcas com fornecedores antiquíssimos como a Serpui Marie que está aí com 30 anos de exportação. E a experiência maravilhosa que a Vanda tem, uma das pessoas mais chics! O que essas marcas têm em comum é levar o Brasil para fora de uma maneira tranquila, séria. Todas elas com uma preocupação muito grande da matéria prima e do modo de trabalho com os fornecedores e costureiras. São marcas muito humanas. E o Brasil tem muito disso. São marcas grandes mas que mantém uma identidade, são muito modernas, conscientes e éticas.

Com tantos anos de carreira o que ainda tem te surpreendido sobre o mundo da moda brasileira?
Tenho décadas de carreira e mesmo assim está sendo um prazer e uma descoberta a cada episódio. A moda brasileira é tão diversa, o Brasil é tão grande. Está sendo muito prazeroso. As pessoas fora do Brasil e dentro estão descobrindo a moda brasileira junto comigo. O jornalismo tem sempre uma visão tão crítica, né? Sentir que estamos todos juntos trabalhando por uma causa pode parecer um pouco romântico, mas como você falou no começo eu acho que é necessário forçar a olhar por um lado bom, porque o lado bom existe. Claro que temos vários problemas mas neste momento é o momento de valorizar o que temos de melhor. Por Juliana Lopes – jornalista de moda e consultora. @j.u.lopes
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!